Alguns amigos torcedores da Portuguesa afirmam, com toda a
propriedade, que a Lusa é o mais triste fado já escrito. Uma triste constatação
que se agrava a cada partida do time na atual Série C do Brasileiro. E mais um
destes capítulos repletos de drama foi escrito na partida contra o Tombense.
Daria para falar do escudo errado no ingresso, do surreal leitão servido nas
numeradas, mas tudo isso ficou em segundo plano.
Em campo, a equipe do Canindé
ofereceu pouca resistência aos adversários, senhores absolutos do duelo. Os
mineiros ganharam por 2 a 0 sem esforço, tamanha a incapacidade da Portuguesa
criar alguma chance real de gol. Pelo contrário: os donos da casa mal
conseguiam trocar passes simples. O técnico Jorginho, que comandou aquela
famosa Barcelusa, não merecia passar por esta humilhação com um elenco abaixo
da crítica.
Fora de campo, a situação da Lusa
torna-se ainda mais digna de pena. Basta andar pelo clube para ver seu completo
abandono. No dia do jogo, quem foi à tribuna ou às cabines de imprensa foi
obrigado a subir uma longa escadaria – o elevador estava quebrado. Nem vou me
ater às gambiarras elétricas, infiltrações (que transformam o teto em
cachoeiras) e total esculhambação de uma área dita nobre do estádio. A falta de
segurança não se resume apenas às péssimas instalações.
Quando a partida já rumava para
seu final, eis que começam a estourar algumas bombas do lado de fora do
estádio. Já pensava na dificuldade de passar pelo tumulto para voltar para casa
quando ouvi um estrondo mais forte. Era uma bomba jogada a poucos metros de
onde eu estava. Logo em seguida, barulho de socos e pontapés na porta do
camarote da diretoria da Portuguesa. Sim, torcedores haviam invadido a tribuna
atrás de alguém.
E eles foram de porta e porta,
com uma delicadeza ímpar. Chegaram até onde eu estava. Eram quatro. Gritaram
alguma coisa que não me lembro. Só pensava que, se eles partissem para a
porrada, eu pularia para a arquibancada. Felizmente, eles foram embora sem
fazer nada, mas continuaram sua caçada.
Não havia qualquer segurança nas
tribunas, muito menos policiais. Ao final do jogo, bati o recorde mundial de
descida de escada. Qual não foi a minha surpresa ao chegar ao térreo e ver pelo
menos seis PMs trancando a saída! Alguns membros da delegação do Tombense,
assustados com tudo aquilo, apenas queriam sair dali, mas os policiais estavam
dispostos a impedi-los. Foi necessária a intervenção de alguém da Portuguesa
para, enfim, liberá-los – e eu também.
Mal deu tempo de encontrar os
amigos no portão, quanto mais procurar ingressos. Saímos depressa do meio da
confusão. Com muita sorte, encontrei este bilhete que ilustra o post. Nunca
havia passado tanto medo em um estádio como naquela noite. Se já estava
chateado por ver como a Portuguesa está definhando, tive a certeza de que ela
está se afundando em um caminho sem volta.